Líder do governo chama 'Invasão Zero' de milícia e esquenta clima na AL-BA

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Osvaldo Barreto

Política

19 de fevereiro de 2024 às 16h28

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Foto: Divulgação/AL-BA

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A primeira sessão legislativa na Assembleia Legislativa da Bahia (Al-Ba), realizada após o Carnaval, nesta segunda-feira (19), contou com um momento de “alta temperatura”, após o líder do governo da casa, Rosemberg Pinto (PT) criticar o grupo ‘Invasão Zero’, formado por produtores rurais baianos. 

“Esse grupo invasão zero , é um grupo que se organiza sobre a coordenação de uma funcionária pública do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, essa mulher deve R$26 milhões à União. Renilda Maria Vitória de Souza, conhecida como Dida Souza, que coordena esse grupo de fazendeiros. Esse grupo assassinou uma indígena, nenhum policial afirmou que o tiro saiu dos indígenas. Hoje vamos ter uma reunião na governadoria com representantes dos indígenas e dos fazendeiros, na tentativa de achar uma solução. Tem um grupo que está armado, esse grupo 'Invasão Zero' é um grupo de milicianos, não tem interesse algum em fazer defesa de propriedade", disse.

A primeira reação foi imediata, com o posicionamento do deputado Diego Castro (PL), que pediu ao presidente da sessão Zé Raimundo (PT), para retirar da ata a fala de Rosemberg. “Quero pedir à vossa excelência a retirada das notas taquigráficas, dos termos utilizados pelo deputado Rosemberg, que chamou o grupo ‘Invasão Zero’ de milicianos. Não vamos aceitar isso”, disse. 

Castro foi seguido por Tiago Correia (PSDB), que também repudiou a fala de Rosemberg e saiu em defesa do grupo. 

“Respeitando nosso líder da maioria, Rosemberg Pinto, não posso concordar com o que ele fala sobre as invasões no nosso Estado, com o ocorrido em Itapetinga (BA), quando um grupo de proprietários rurais defenderam os seus patrimônios e ele vem comparar com milícias. Talvez porque alguns estivessem armados e se alguém estava armado sem porte de arma deveria ser punido, assim como o grupo intitulado como indígena e que fez dois trabalhadores de reféns durante toda uma manhã. Precisamos de investigação no campo e saber porque esses grupos continuam invadindo terras no campo.”, defendeu. 

Quem também pediu a palavra foi o deputado Robinho (UB), que tentou explicar a atuação do grupo ‘Invasão Zero’ no interior da Bahia. 

“Não sei quem é essa senhora. Ele intitula essa senhora como líder do movimento ‘invasão zero’. Este movimento teve sua primeira reunião nesta casa, envolvendo a participação de vários deputados. Quero dizer sobre o funcionamento do movimento: se há uma invasão em Jacobina , os produtores rurais e simpatizantes se unem para defender quem foi invadida. Não há que se falar em guerrilha. Se alguém está usando arma, é porque tem o porte de arma. O que aconteceu em Itapetinga, o relatório aponta que o primeiro disparo veio dos índios e houve um retorno de disparo que veio a óbito uma índia. Agora se ele diz que tem uma mulher que trabalha no Tribunal de Contas e deve ao Estado, ela deve pagar e ser punida pelos seus erros”, disse. 

Invasão Zero

O grupo ruralista "Invasão Zero" foi criado por agricultores e simpatizantes e ficou conhecido por desfazer ocupações de terras sem respaldo em decisões judiciais na Bahia. O grupo é investigado pela Polícia Civil por envolvimento na morte de Maria de Fátima Muniz Pataxó, a Nega Pataxó.

“Através das redes sociais, esse grupo, Invasão Zero, organizou no WhatsApp um movimento para ir até a fazenda, a princípio para fazer uma negociação, que se transformou em ação de retomada e conflito. Mas, até o momento, nenhum líder desse grupo se apresentou para reivindicar ou esclarecer o que aconteceu. Nós temos dois integrantes que foram presos pela Polícia Militar e autuados em flagrante por homicídio e tentativas de homicídio. Além da indígena morta, outros cinco foram alvejados e levados para o hospital em Ilhéus”, disse o delegado Roberto Junior, da Delegacia Regional de Polícia de Interior (Dirpin) da região Sudoeste/Sul da Bahia, que está à frente das investigações do caso, em entrevista ao Globo.

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